Dirigido por Marcus Baldini, novo longa retrata um dos episódios mais tensos da aviação brasileira, quando um avião foi sequestrado com o objetivo de matar o presidente da República


Entre os casos de tragédia da aviação brasileira, houve um com final “feliz”. No dia 29 de setembro de 1988, o voo 375 da hoje extinta VASP fazia uma última escala no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, rumo ao seu destino final, o Galeão, no Rio de Janeiro, quando foi anunciado um sequestro. O episódio entrou para a história e, agora, virou filme.

O Sequestro do Voo 375 estreou na última quinta-feira (7) nos cinemas brasileiros. Dirigido por Marcus Baldini, o longa de ficção se baseia em fatos reais que levaram àquele episódio. “É o ‘11 de setembro’ brasileiro”, resumiu Baldini em painel realizado no último dia 30 de novembro no evento CCXP23, em São Paulo. “Um 11 de setembro que acabou bem por conta do piloto Fernando Murilo.”

O SEQUESTRO DO VOO 375 | Trailer Oficial

Para produzir o longa, a equipe contou com diversos consultores, entre especialistas e testemunhas. “Recebemos um material extenso de entrevistas com os personagens reais e acesso direto às pessoas que participaram desse evento na época” relata a GALILEU a produtora Joanna Henning.

A seguir, confira o que aconteceu naquele fatídico 29 de setembro.

1. Voo interrompido

A viagem começou em Porto Velho, ainda de madrugada, e tinha como destino final o Rio de Janeiro. Até chegar à Cidade Maravilhosa, o voo 375 tinha quatro escalas previstas: em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, nessa ordem.

A aeronave da Boeing era comandada pelo piloto Fernando Murilo de Lima e Silva (interpretado por Danilo Grangheia) e o copiloto, Salvador Evangelista (vivido por César Mello). De acordo com o portal g1, inicialmente, havia 38 pessoas a bordo; por volta das 10h, outros 60 passageiros embarcaram no aeroporto de Confins, na capital mineira, para o último trecho da viagem.

Em apenas 20 minutos, tudo mudou. Um dos passageiros, o maranhense Raimundo ‘Nonato’ Alves da Conceição, de 28 anos, anunciou que a aeronave estava sequestrada. Portando uma arma calibre 32, Nonato (vivido por Jorge Paz no filme) rendeu piloto e copiloto.

Raimundo ‘Nonato’ Alves da Conceição, de 28 anos, anunciou que a aeronave estava sequestrada portando uma arma calibre 32 — Foto: Bcbiz Digital PR

Seu plano era promover um atentado contra o Palácio do Planalto, em Brasília. Nas palavras do sequestrador, a intenção era “acertar as contas” com o então presidente da República, José Sarney.

2. Dentro da cabine

“A ação começou quando já estávamos sobrevoando os céus do Rio de Janeiro. Ele gritava: ‘eu quero matar o Sarney. Quero jogar o avião no Planalto!’ Na época, eu não tinha ideia de que aquilo poderia ocorrer”, relatou Fernando Murilo ao portal g1, em 2011.

O longa também retrata as medidas de Murilo para salvar a vida da tripulação. Entre elas, o acionamento do código 7500 — que significa “sequestro” — para o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) de Brasília. O código era discado pelo transponder, um dispositivo dentro da aeronave que avisa a Cindacta onde a aeronave se localiza.

Durante as conversas e negociações entre Nonato e Murilo, que tentava acalmar o sequestrador, Evangelista foi assassinado. “Ele levou um tiro na cabeça quando pegou o rádio para responder a um chamado da torre de controle de Brasília”, relatou Murilo ao g1 em 2011.

3. Manobras ousadas

Após o assassinato do copiloto, Fernando Murilo se manteve focado em convencer o sequestrador a pousar no aeroporto de Goiânia. Isso tanto por ordem da Cindacta, que já havia colocado um caça atrás do avião para abatê-lo, quanto porque a aeronave estava ficando sem combustível.

Sem conseguir convencer Nonato a se render, o piloto realizou manobras arriscadas, na tentativa de fazer o sequestrador sair da cabine. Primeiro, Murilo realizou a acrobacia Tonneau Barril, em que o avião executa uma rotação completa em torno do seu eixo longitudinal, mantendo-se na linha ou trajetória original de voo, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC); depois, colocou o avião em estol, isto é, em queda livre.

Dirigido por Marcus Baldini, novo longa retrata um dos episódios mais tensos da aviação brasileira, quando um avião foi sequestrado com o objetivo de matar o presidente — Foto: bcbiz digital pr

Para representar tudo isso na telona, a equipe por trás do filme construiu um protótipo do avião, que girava 360º. “Nos momentos em que o avião virava para baixo, as pessoas da produção e os câmeras passaram mal”, relatou Joanna Henning no painel da CCXP.

Deu tudo certo — nas gravações e nos planos originais de Fernando Murilo. Nonato caiu desacordado, e o piloto teve tempo suficiente para pousar, às 13h45, no aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia.

4. Negociações em terra

Quando a aeronave tocou o solo, o sequestro ainda não tinha acabado. Na verdade, ele duraria até as 19h daquele dia. Entre o piloto pousar e se certificar de que todos os passageiros estavam bem, Nonato recobrou a consciência e voltou a ameaçar a tripulação com sua arma.

Após horas de negociação com agentes das polícias Civil e Federal, o sequestrador aceitou se render. Segundo uma reportagem da BBC, ao sair da aeronave da VASP, porém, Nonato usou Fernando Murilo como escudo humano.

Enquanto caminhava até a aeronave disponibilizada pelos policiais, o sequestrador foi alvejado. Internado em um hospital na capital goiana, ele morreu alguns dias depois, supostamente de anemia falciforme.

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